23/04/2025 por Hub de Criativos
Telstra transforma o clássico aviso de celular em uma experiência cinematográfica inusitada e cheia de personalidade
No escuro da sala de cinema, onde a pipoca ainda está crocante e a ansiedade pelo filme começa a ferver, lá vem ele: o aviso. Aquela mensagem batida, sempre com o mesmo tom monocórdico, implorando para você não ser aquela pessoa que esquece o celular ligado.
Mas e se, no lugar de um alerta sem sal, a gente recebesse uma pequena joia cinematográfica — estranha, silenciosa e, ainda assim, memorável?
Pois foi exatamente isso que fez a Telstra, maior empresa de telecomunicações da Austrália. Ainda que o nome não diga muito ao público brasileiro, por lá a marca é tão presente quanto uma operadora do porte da Vivo ou da Claro por aqui. Só que, dessa vez, ela saiu do universo dos dados e conexões e foi direto para as telonas — com uma ousadia poética que merecia, no mínimo, uma salva de palmas (silenciosas, claro).
Curtas que parecem saídos de um universo paralelo
Criados pela agência Bear Meets Eagle on Fire, os três filmes — Mirror Mirror, Four-Legged Friend e Magnetic Boy — brincam com o visual vintage dos anos 1920. Tudo em preto e branco, com uma trilha sonora digna de cabaré melancólico e personagens que comunicam mais com um olhar do que muitos roteiros por aí.
E o mais curioso? Nenhuma fala. Nenhuma legenda. Só situações tão surreais que fariam até David Lynch coçar a cabeça.
O nonsense como ferramenta de foco
Antes mesmo de a trama principal começar, a Telstra nos entrega um espetáculo à parte — e, curiosamente, sem nenhuma palavra. É como se dissesse: “você veio ver um filme, então vamos começar com um que ninguém esperava”. E assim, sem alarde, os curtas entram em cena. Mas não se engane: apesar do ar nonsense e da estética retrô, cada história tem um recado claro por trás da excentricidade.
Four-Legged Friend
Four-Legged Friend parece ter saído de um devaneio de Tim Burton depois de tomar chá com Alice: uma mulher janta sozinha, e sua mesa, literalmente, cria pernas e a convida para dançar. Surpresa, estranhamento e poesia se misturam num balé que dá um nó no coração — e nos notificações.



Imagens: Reprodução – Telstra Filmes Mudos
Magnetic Boy
No mundo de Magnetic Boy, um garoto se torna, do nada, um ímã ambulante. É hilário ver tudo grudando nele — de utensílios a expectativas. E o mais interessante é que, no meio do caos visual, você não pensa em pegar o celular. Você fica vidrado, tentando entender que raios está acontecendo ali.



Imagens: Reprodução – Telstra Filmes Mudos
Mirror Mirror
Já Mirror Mirror vai fundo no clima de filme de terror B. Espelhos, multidões com tochas e uma protagonista que vira lobisomem. Sim, você leu certo. E não, você não quer tirar os olhos da tela pra conferir a mensagem do grupo da família.



Imagens: Reprodução – Telstra Filmes Mudos
Distrações no cinema? Só se for pela arte.
A sacada da Telstra foi certeira: transformar o aviso mais ignorado do mundo numa experiência que, ironicamente, prende a atenção. E tudo isso sem apontar o dedo, sem moralismo e sem precisar de uma voz robótica dizendo “por favor, silencie seu celular”.
O mais bacana é que a campanha não bate na tecla do problema. Ela dança em volta dele, convida o público pra uma viagem estética e, quando você percebe, já internalizou a mensagem. Isso é persuasão com elegância — ou melhor, com bizarrice encantadora.
Branding que se faz com alma (e coragem)
Enquanto muitas marcas ainda tentam arrancar sorrisos com piadinhas batidas ou trilhas genéricas, a Telstra apostou alto no inesperado. Não é todo dia que vemos uma empresa de telecomunicações criar curtas dignos de festival alternativo só pra te lembrar de apertar um botão no celular.

Imagem: Reprodução – Telstra Filmes Mudos
Mas é aí que mora o diferencial. Essa campanha mostra que, quando a criatividade entra em cena, até a tarefa mais sem graça vira espetáculo. E mais: ativa algo que vai além da razão — toca o emocional, o estranho, o simbólico.
Por que essa ideia funciona tão bem?
Porque ninguém gosta de sermão. E porque, no fundo, a gente ama ser surpreendido. Em vez de dizer “não atrapalhe”, a Telstra disse “venha sonhar com a gente — e, de quebra, evite ser inconveniente”.



Imagens: Reprodução – Telstra Filmes Mudos
É como receber um bilhete dobrado com um origami dentro, em vez de um lembrete rabiscado no papel de pão. A função é a mesma, mas o impacto… ah, o impacto é outro nível.
E no fim, a mensagem fica: silêncio, por favor — mas com estilo.
A palavra-chave distrações no cinema se encaixa aqui como luva de artista. A Telstra transformou o que poderia ser só mais um aviso esquecido em um momento digno de tela grande. E provou que, quando a mensagem vem envolta de criatividade, até o simples ato de silenciar o celular pode virar um espetáculo à parte.



Imagens: Reprodução – Telstra Filmes Mudos
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