22/04/2025 por Hub de Criativos
Campanhas criativas ajudam a quebrar tabus e colocam o câncer de testículo no centro das conversas no Abril Lilás
Abril chegou trazendo aquele friozinho tímido do outono no Brasil, enquanto do outro lado do mundo a primavera ensaia seu espetáculo floral. Mas, para além das estações e seus caprichos, esse mês também carrega uma missão pra lá de importante — e, digamos, um tanto sensível: é tempo de colocar os testículos no centro das atenções. Literalmente.
E não, não é piada. Abril é o mês de conscientização sobre o câncer de testículo, uma doença que, apesar de ser relativamente rara, é a mais comum entre homens jovens, entre 15 e 44 anos — justo na fase em que a maioria acha que é indestrutível, tipo super-herói de camiseta regata.
Abril Lilás: um papo direto e sem rodeios sobre o câncer de testículo
Chamado de Abril Lilás, o movimento é um convite ao autoexame, ao autoconhecimento e, acima de tudo, ao autocuidado. Porque, convenhamos, a gente lembra de atualizar o celular, mas esquece de atualizar o corpo, né?
Durante o mês, surgem campanhas que tentam furar o bloqueio do constrangimento — aquele mesmo que faz boa parte dos homens trocar o urologista por um “depois eu vejo”. Só que essas campanhas não chegam com cara de palestra ou folheto de clínica. Elas vêm criativas, ousadas e, muitas vezes, hilárias. Como se dissessem:
Relaxa, cara, dá pra falar disso sem drama.
“I See Balls” — Quando a tecnologia entra na jogada 🎯
A internet adora uma boa piada visual — principalmente quando frutas, sombras ou esculturas lembram… bem, genitais. É um clássico do “não era pra parecer, mas parece”. E foi exatamente esse comportamento que inspirou a campanha “I See Balls”, lançada pela Testicular Cancer Society em parceria com a agência FP7McCann, no embalo do mês de conscientização sobre o câncer de testículo.
Em vez de nadar contra a corrente, eles decidiram surfar nela. A ideia? Usar inteligência artificial para detectar formas “suspeitas” no mundo real — de bolas de sorvete a maçanetas — e, a partir disso, ativar uma lente de realidade aumentada com um tutorial animado sobre o autoexame testicular.
Nas redes sociais, educar sobre saúde masculina virou uma missão quase impossível. Embora grande parte dos homens entre 15 e 35 anos recorram a essas plataformas para buscar informações médicas, os algoritmos vivem confundindo conteúdo educativo com pornografia. E aí, o que é pra informar acaba sendo bloqueado.
Diversos casos de censura já aconteceram nas redes sociais, especialmente quando o assunto envolve saúde masculina. Enquanto conteúdos informativos são barrados, publicações com imagens ambíguas ou de tom humorístico circulam livremente e até viralizam.
A resposta da campanha foi brilhante: já que os homens notam essas formas de maneira instintiva, por que não usá-las como lembrete? A lente “I See Balls” funciona justamente assim: ao detectar uma forma fálica em objetos cotidianos, exibe um guia discreto, rápido e educativo de como fazer o autoexame.



Imagens: Reprodução – Abril Lilás – Câncer de Testículos I See Balls
A campanha acerta em cheio por uma razão simples: ela fala a língua da internet, mas com propósito. O uso da realidade aumentada, aliado ao toque de irreverência, torna o conteúdo compartilhável — e educativo. Ao treinar o algoritmo com milhares de imagens de formas fálicas não intencionais (de sombra em parede a colheres de sorvete), o time criou uma ferramenta que transforma o riso em responsabilidade.
Além disso, o nome “I See Balls” funciona quase como um trocadilho involuntário. Lúdico, provocador e, ao mesmo tempo, sério. A lente não apenas educa, mas convida o público a enxergar o próprio corpo com mais atenção. E talvez aí esteja o maior mérito: transformar um assunto evitado em algo tão corriqueiro quanto rir de uma escultura engraçada.



Imagens: Reprodução – Abril Lilás – Câncer de Testículos I See Balls
“Balls in Concert” — Música, metáforas e testículos no palco 🎵
Já pensou em ir a um show e sair de lá com mais consciência sobre sua saúde? Pois é exatamente isso que a campanha Balls in Concert se propõe a fazer. A sacada — sem trocadilho — veio da agência alemã David+Martin em parceria com a The Robin Cancer Trust.
O centro das atenções? Um controlador MIDI em forma de escroto. Sim, você leu certo. Chamado de MidiBalls, o dispositivo simula dois testículos humanos, com sensores que transformam apertos e toques em efeitos sonoros. O resultado? Uma mistura bizarra, hilária e altamente eficaz de música e conscientização.
E não pense que isso é só piada. Por trás da estética inusitada, há uma missão clara: quebrar o tabu em torno do câncer de testículo. Afinal, o assunto ainda causa constrangimento — e isso pode custar caro.
Em vez de cartilhas frias ou panfletos esquecidos no consultório, a campanha usa humor, música eletrônica e um certo nível de loucura para chamar atenção de verdade.
Com os MidiBalls, a brincadeira vira alerta. A cada toque, um efeito musical. A cada efeito, uma lembrança:
E aí, já se examinou hoje?.

Imagenm: Reprodução – Abril Lilás – Câncer de Testículos Balls In Concert
Para dar vida a tudo isso, o escolhido foi Stephen Paul Taylor, artista berlinense conhecido por seus shows performáticos e irreverentes. Ele criou uma música original, batizada de Check Your Balls, e vai sair em turnê pela Alemanha, usando os MidiBalls no palco.
E o melhor: não é só espetáculo. Entre uma batida e outra, ele para tudo e fala sério. Explica como fazer o autoexame, conta histórias reais e mostra que cuidar da saúde não precisa ser um drama.
É nesse equilíbrio entre diversão e informação que a campanha brilha. Balls in Concert não tenta suavizar o tema — ela o transforma em pauta de bar, de pista, de conversa de amigos.




Imagens: Reprodução – Abril Lilás – Câncer de Testículos Balls In Concert
“Tenemos un par” – Futebol e Saúde: Uma Parceria Inusitada ⚽
Não é a primeira vez que a testiculagem (com o perdão da palavra) vira estratégia de saúde. Há poucos dias, o clube espanhol Leganés estampou o logo de uma ONG no meio da cueca do uniforme — bem na virilha, claro. O objetivo era o mesmo: forçar o assunto para salvar vidas. A ideia pegou, viralizou e virou exemplo.
O clube espanhol CD Leganés lançou a campanha “Tenemos un par” (“Temos um par”) para promover a conscientização sobre o câncer testicular. Durante uma partida contra o FC Barcelona, os jogadores entraram em campo com shorts que exibiam, na região da virilha, o logotipo da Testicular Cancer Society: duas esferas unidas por um laço, simbolizando a luta contra a doença. Embora não tenham usado os shorts durante o jogo devido às regras da liga, a ação gerou grande repercussão e destacou a importância do autoexame e do diagnóstico precoce.



Imagens: Reprodução – Abril Lilás – Câncer de Testículos Tenemos un par
Toque final: a importância de um gesto simples
No fim das contas, o autoexame testicular leva menos tempo do que pedir um lanche no delivery. E pode fazer toda a diferença. A questão é transformar esse gesto em algo tão natural quanto escovar os dentes. Porque saúde não precisa ser tratada como tabu — e muito menos com vergonha.
Aliás, se campanhas como essas conseguem colocar o assunto em pauta sem perder o humor, por que a gente ainda hesita em falar disso no grupo de amigos, na família ou até no consultório?
Talvez a resposta esteja justamente aí: em abril, os testículos ganham voz, palco e até escudo de time. E a gente, no mínimo, ganha um bom motivo pra lembrar que cuidar de si é — também — coisa de homem.
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